a vida de cenário.

E se tudo for o figurino estabelecido?Se tudo for regra e programação para o eterno?Esse tudo que existe debaixo dos nossos olhos,acima dos nossos olhos,ao redor do nariz e do orgão auditivo.Tudo que é tato e necessidade.E se quem anda por aqui,pelo meu lado,é a programação?Se tudo for programação,ninguém há de me dizer a fim de esconder o segredo até que eu peça o final.Eu olho meus olhos,e acabo não descobrindo por quê sou ou fui.Meu passo não parece ser meu,parece ser completado pela necessidade de chegar em lugar instintivo.O fio de cabelo,na testa ,roça nos olhos e minha mão chega até a face sem que eu a peça.Eu não peço aos meu orgãos,eles o fazem.Estou quase certa de que essa multidão que me encara é o cenário.Só a existência da palavra ainda me faz presente aqui:no mundo internado pela cultura,pela etnia diversa e pela religião que me confunde e torna meus cabelos em formato e aspecto de novelo.Ninguém parece se preocupar emocionalmente com o fim de algo que é isso.Todos ao meu lado parecem tranquilos,instigados a realizar projetos e seguir os passos da sociedade padrão que os direciona.Não sei como não se desesperam ao pensar que o início e o fim é o nosso conceito.O nosso conceito que pode ser um grão perambulando sobre a praia.A língua é nossa,a teoria é nossa,a regra é nossa,tudo está aos moldes do que nunca é certo.Eu acabo por olhar a paisagem de tudo pela inércia do ver,faço pela rotina e ando pelo aspecto biológico. A beleza primária,que é nossa também,torna-se um fator sem verdade,sem justiça.Esse mundo,que nos absorve pelo corpo e pela alma sentida e teórica ,torna nosso passo desesperado e deixa a arma virada para cima no bolso das nossas calças pretas.O olho que eu sinto em mim é em medidas crescentes um peso no orbital.A cabeça tende a descer e nosso riso é comercial.Uma medo claustrofóbico me agoniza e questiona se digo para mim,se digo para ti,se digo algo em um mundo que é meu.Uma vontade de saber o que é isso,onde piso,queima minha língua e as cavidades do meu organismo,aguça minha questão para o tato,para a visão.Todos acabam por olhar o que veem e esquecem que possuem realmente a visão do sentimento.Eu busco a visão do sentimento em curtos intervalos do cotidiano empoeirado com monotonia,embora eu ache que seja esse tal fator para meu desespero e falta de ar nessa origem de vida.O mundo possui tato e o define em palavras compridas,curtas e europeias.Define o sentido dessa carne em palavra bela,transforma-o em capital e vende aos impassíveis da Terra.A verdade universal apoia seu dedo sobre nossos centros de massas e gira nosso corpo e nossa alma,deixa nossos olhos captarem diferentes pontos de vista em tal percurso constante circular a fim de nos deixar confusos e imóveis diante da descoberta do que ela é,do que a verdade é.
Eu estou longe de saber o que é,todos devem estar.Sinto-me enclausurada entre placas de chumbo com infinito comprimento,com infinita largura.O que me resta é sentir o que há pra sentir .Sentir o beijo da noite com o tato animal e com tato de sentimento.Enquanto isso,eu deixo a sensação da saudade me corroer e minha composição envelhecer até algum fim ou algum início sem fim.Essa saudade inconsciente entra dentro de nós e ocupa os órgãos regularmente,ocupa-os sem pedir.O pensamento que vem tem origem na tua peculiaridade da tua presença..Sentimento de tudo que a confusão do que é o fim e o início se aprofunda aqui.Todos acabam pela negligência da questão.Quando jogarem a moça que nunca viveu no mundo,jogarem-na sem nascimento e conhecimento paulatino,ela irá perguntar o que é isso.Ela irá procurar atrás das portas o ínicio,irá olhar tua limitação física e tentar reagir com teus olhos,tentar reagir com teus sentidos descobertos há pouco.Ela ficará confusa e não saberá explicar o porquê,mas no fim,parará em um limite de terra qualquer a fim de obter fonte fixa de subsistência.Todos param no mundo e seguem o que é dito pela maior parte dessa população criada.Esse povo que vive aqui aceita a condição de beleza que lhes foi imposta,aceita a roupa que lhes pedem para vestir.Esse povo vai vestindo a verdade que criaram.Vestem a visão e a percepção geral alheia.Estamos presos dentro da casa amarela sem resposta,desencorajam-nos a abrir a porta e as janelas.Os homens de lá dizem que abrem e acreditamos sem questão.Estamos na casa amarela onde o objetivo é adorná-la sem objetivos específicos.
Eu quero saber o que há lá fora,quero abrir a porta e observar o pigmento externo da casa,fugir dessa realidade minimizada!
Vários vão indo,descobrindo o território sem voltar.Não voltam para contar o que é.Essa justiça não regulada tem razão em algum certo ponto de lá mas aqui dentro,a predominância do segundo andar não traz justificativa para o que temos.O remanescente é ter o amor em ondas de mar e andar por prazer.É o que nos resta para conseguirmos viver sem a loucura aqui dentro dessa casa amarela sem pigmento externo definido.

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