Postagens

Mostrando postagens de outubro, 2010

texto da gincana

Hoje eu cheguei em casa e beijei minha mãe. Depois, fui até a sala e sentei para ler um livro. No meio da leitura, meu pai chegou. Beijei-o naturalmente mas nada mais que um beijo de obrigação de filha, beijo de desdém, beijo de pressa porque queria retornar logo à minha leitura. -Como você é estúpida! E se eu acordasse e não os visse mais? E se eu acordasse e sentisse a falta de alguém perguntando: -Está levando a blusa? À noite esfria! -Já jantou? Tem arroz fresquinho na cozinha para você! -Ouvi seus passos de madrugada. Foi dormir tarde, não é? Eu chegaria na casa vazia e começaria a esperá-los sentada no sofá. Eu chegaria na casa vazia e sentiria o cheiro tão peculiar da roupa deles. Eu chegaria na nossa casa vazia e veria o reflexo da minha alma em todos os recintos. -E por que não os beijou? Inferno! Porque eu esqueci. Eu esqueci, esqueci, esqueci que não há o eterno. Eu esqueci que aqui em casa tinha gente vivendo só pra mim. Olha só como a gente pisa n

Meu amado vô.

Ele estava indo embora pela porta,como fazia em todos os domingos quando vinha assistir o jogo de futebol pela televisão conosco.Não sei o que tinha no olhar que eu não queria que ele fosse,talvez eu estivesse um pouco consciente sabendo que aquilo era sonho,não sei.Mas eu disse: -O senhor não pode ir embora!Fique mais um pouco.Gosto muito de você! -Eu preciso ir sim. Em seguida,dei um abraço e disse a ele. -Eu te amo. -Viajem muito.Voem bastante,se puderem. E passou pela porta com aquele caráter inquieto pelo qual temos a certeza de que se trata dele. Quando eu acordei,lembrei dele e que tinha ido embora pra sempre pela nossa porta, no domingo.

a vida de cenário.

E se tudo for o figurino estabelecido?Se tudo for regra e programação para o eterno?Esse tudo que existe debaixo dos nossos olhos,acima dos nossos olhos,ao redor do nariz e do orgão auditivo.Tudo que é tato e necessidade.E se quem anda por aqui,pelo meu lado,é a programação?Se tudo for programação,ninguém há de me dizer a fim de esconder o segredo até que eu peça o final.Eu olho meus olhos,e acabo não descobrindo por quê sou ou fui.Meu passo não parece ser meu,parece ser completado pela necessidade de chegar em lugar instintivo.O fio de cabelo,na testa ,roça nos olhos e minha mão chega até a face sem que eu a peça.Eu não peço aos meu orgãos,eles o fazem.Estou quase certa de que essa multidão que me encara é o cenário.Só a existência da palavra ainda me faz presente aqui:no mundo internado pela cultura,pela etnia diversa e pela religião que me confunde e torna meus cabelos em formato e aspecto de novelo.Ninguém parece se preocupar emocionalmente com o fim de algo que é isso.Todos ao m