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Mostrando postagens de maio, 2017

miseráveis chãos e tetos instigantes

Casas enfileiradas, buracos e escadas que nos conduzem a becos domiciliares. Um recinto constituído por colchões espalhados no chão úmido e inóspito não recoberto por azulejos, cabeças despejadas nesses fragmentos de lã. Um odor forte e penetrante impregna em nossos corpos e institivamente faz-nos querer sair para respirar por instantes um ar menos carregado. Uma atmosfera escura e sufocante embala-nos sob os móveis e quinas da pobreza, e permite-me ver pouco detalhadamente os olhos negros que nos recebem aos seus palácios de granito e poeira de tabaco. Dentes cinzentos consumidos pela nicotina, que os impele ao esquecimento de toda a podridão macerada nessa terra ao redor e põe-os alheios a tudo que é vão. Vida vã cerrada nos fundos de um quintal com singelas vestimentas. Muitas dessas lavadas, úmidas e já vestidas no corpo magro. Durante tanto tempo ali, acostumo-me com o cheiro marcante e característico que exala. Não há tanto mais cheiro e tampouco escuridão nas lacunas desses corp