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Mostrando postagens de outubro, 2013

Catarina

  Catarina foi até a quitanda comprar morangos. "Não há morangos,senhora. Há graviolas." Bastaria sair daquele porão velho sem as cem gramas de morangos e achá-los, enfim, em outro lugar. Entretanto, não sabia negar e aceitou uma dúzia de graviolas do vendedor velho. Levou-as pesadas e sentiu-se plenamente cansada ao chegar em casa. Era como se estivesse suportando uma fadiga alheia. Quando descascou a fruta, viu-a podre e escura por dentro. Não as queria. Comprou-as por quê? Porque sua segunda opção definida eram graviolas, claro. Não, não seja hipócrita, Catarina. Porque gostaria de ajudar o senhor Amélio. Não, definitivamente não seja hipócrita. Porque as graviolas chamaram-lhe atenção. Sim, eram tão bonitas e atraentes que pareciam doces.               Não sabe ir contra seus pensamentos, contra o senhor Amélio ou qualquer um. Não sabe fixar-se num ponto e manejar seus microcosmos sem sair dele. Não sabe, não sabe! Não sabe que há centenas e centenas de morangos vermel