Foi embora

Minha boca inchada com as feridas traz lembranças de uma manhã descomunal,extremamente descomunal.Agora continuamos a andar como os outros mortais da pressão de padrão.Agora vamos indo para a busca da felicidade do esquecimento parcial da vida.Parece que todo têm culpa,parece que todos merecem ir também.Os olhos verdes estão enterrados,sem circulação sanguínea e sem visão para o céu.Estão quietos,silenciosos como a natureza.E o que o mundo deixa para nós que pertencia a ele está na flor do jardim daqui de casa,está nas suas palavras escritas,na memória mortal.Está acoplado no nosso cerne transparente.Agora buscamos seu abraço e seu beijo,mesmo com a boca de feridas ardentes.A natureza só nos pede desculpa com o sopro do vento,com o sol das seis horas.A natureza ajoelha aos nossos pés com a noite limpa.
Não há constelação que amenize nossas faces,nem astro solar que as seque.Há tempo que apague os esboços e deixe a obra final para sempre,somente.Há tempo que nos envelheça e envelheça nossa memória e nos faça ir também sem as desculpas de estrelas ou do sol.
Eu volto a rir com certo receio,volto a mostrar parte dos dentes com dor física.A chuva mantém meu sentido aqui dentro.Beijo-os à beira de um quase esquecimento e eles correm às pressas para saber o que é.Beijo os que restam no solo com a dúvida da sua ida eterna.Tento me recompor sobre a rotina monótona,tento fazer com que ela se recomponha.Os olhos de mel do homem continuam deitados sobre a face,pelos olhos achamos a entrada de uma alma chorada.
As constelações,daqui a pouco,precisam se concentrar em outro canto do mapa enquanto a poluição volta a aparecer em nossas janelas negras mortas.

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