nosso velho mundo

Pensei durante três dias inteiramente preenchidos sobre a justiça do que somos.Pensei com os olhos em vários ângulos da casa.Pensei sobre a certeza que temos de quem somos,que é nenhuma.Se eu tivesse a certeza de um poder fascinante dos meus olhos,da minha beleza embutida,iria até você e pediria um beijo.Pediria-o sem adição de movimentos,sem a expressão do atraente.Iria ao palco e olharia no interior completo da plateia.A minha certeza é tão escassa que a procuro debaixo da cama em manhãs desestimuladas.Procuro-a na vontade de fazê-lo me querer.Não tenho nada além de uma vontade e de uma inveja para o impossível.Sinto-me frágil.Parece que só estou com a força que fazem atrás de mim.A aventura é disparar no caminho de barro,ir até sua direção,sem nenhuma certeza.Começo a achar que assumir a atitude de ser o que é humano é pedir o beijo,com a alma pura.É não conseguir fazê-lo agora e logo mais,quebrar o vidro com a face.Não pergunto mais o que é ser já que nada em mim silencia quando o faço.Nem questiono minha vontade,a sociedade insulta a ação.Sentei-me na escada e chorei.Velho mundo que te ama e deixa-te do lado de fora.Velho mundo que te ensina e informa que é errado.O sucesso chega na palma da mão,toca seu corpo inteiro,mas é escorregadio.Desce pelos seus ombros e lhe faz titilar.Sentei-me sozinha,com o gosto da lágrima na língua.E se por um instante,a casa estivesse em incêndio?Pararia de chorar."Tudo que pensei até agora é inútil.Quero que engulas o teu beijo.Tudo bem,aceito essa sociedade.Quero minha vida,meus amores.Acordem!Acordem!Vamos embora!Vamos viver o que nunca vivemos.Vamos ao encontro da felicidade sem o sucesso que sopra o corpo."A morte coloca-nos ao pé do nunca feito.E se todo o sentimento incendiar o teu corpo frio e nu,faça o que nunca fizeste.Confessa que ama.Enxerga o possível onde choraste tanto.Enxerga a beleza da tua expressão.Ainda haveria o belo eterno que criaram,mas vais cavar o exótico dentro de si e ir além.Precisa incendiar teu âmago e criar um amanhã inexistente.