Amor alfabético

Amar
Amar baixinho para ninguém escutar.
Amar com cabelos bagunçados e os dentes sujos de sementes do café da manhã.
Amar ao avesso como quando se veste de modo errado a blusa do pijama e o sono se torna ainda melhor.
Amar em claves de fá, já que o sol é só sempre sol à melodia da nossa rotina.
Um amor desmascarado que, de tão amor, ama as paredes descascadas da personalidade geniosa e o azulejo encardido da casa de preconceitos.
Um amor puro, purinho, com pureza de água cristalina dos lençois maranhenses. Purificado no filtro de barro que restou dos antepassados.
Um amor sem precisar dizer que é amor.
O relógio da sala se pronuncia às dez horas no domingo e é como se o homem dos olhos verdes do céu nos lembrasse da hora do café.
Onde tomaremos o café? Depois de ir á feira? Vamos buscar bananas e legumes.
Um amor feito de debates inconclusivos enquanto se conserta o desenho da sobrancelha .
Um amor mergulhado na taça de vinho à noite de frustações. O cálice derrama a efêmera paz sobre nossos sentimentos e aguça fragmentos poéticos.
É amor assim. Assim amor.
Sem dizer e diz tanto.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Da lua cheia de minha janela quadrada

No leito nove.

A falta de mim dentro do outro.