um trecho sobre Isabella
Isabella já está com olhos amarelados como uma vidraça do casarão abandonado, estilhaçada. Olhos úmidos e fatigados contemplam nossas facas e pedem-nos clemência ao fitarem a alvura dessas paredes. Olhos de boneca, que vão por onde os levam sem revidar. Pupilas jovens castanhas parecem questionar o fim e o início da vida, cujo volante nunca fora seu afinal. Eu encaro suas vísceras então contaminadas, deterioradas, fétidas pela terceira vez e lembro-me, enfim, de que são suas ao ouvir o som sua voz a reclamar de dor. Um organismo que necrosa pertencente a uma alma tão pueril e inexperiente. Pertencente a você, Isabella bela que baila nas macas pelos becos dessa casa inóspita. Isabella briga, boia seu âmago sobre os balões dessa mesa posta. Isabella a quem almejamos brilhantes preces apesar de toda a ciência entupida nos ralos desse quintal. Vidas deslizam nesse fio do tempo e põe-nos reflexivos quanto a esse sucinto e veloz trajeto, quanto à dimensão de nossas vicissitudes tão máximas e emolduradas.
Eu não sei pra onde você vai, menina, mas as ondas do mar de nuvens dessa imensidão carregariam-te sob a marola. Sob as águas cristalinas, para poupar o estilhaço de mais fragmentos de tudo
o que é seu.
Eu não sei pra onde você vai, menina, mas as ondas do mar de nuvens dessa imensidão carregariam-te sob a marola. Sob as águas cristalinas, para poupar o estilhaço de mais fragmentos de tudo
o que é seu.
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