27/03


Ele tem que ir para caírem os chumbos sobre nossos corpos.
Tem que ir para reagirmos ao finito sem exatidão.
O beijo tem mais água e o cheiro que levam consigo se torna peculiar.
Quando alguém vai,jogam pedras nas costas e dão surras na mente.
A sensação volta quando lembramos.Volta com imensa facilidade.
A facilidade da lembrança da cicatriz nos olhos.
O certo é que vivemos para viver depois.
O medo à meia noite,as bolsas pretas abaixo dos olhos
são para viver depois.
É,ele foi.
Eu não sei se pretendia viver depois.
Nossa mente transita entre o fim e o último olhar.
Eu transito entre as pedras e o mar sem previsões.
Os fatos nos corroem e o ritmo da cidade permanece.
O traiçoeiro de hoje mata,nosso passo do amanhã às seis também.
Joga-a no mundo e explica a incerteza.
Diga a ela que não é exato,é teoria.
Ela vai andar procurando a vida atrás das portas.
Vai procurar a morte deles nas suas casas.
Conta-a que é perigoso andar assim e que precisa se vestir.
Diga a ela que há fronteiras entre nossas construções.
Ela vai procurar os limites físicos e perguntar,então, por que as gramas são iguais.
Vai querer saber onde é o fim do que vê.
Vai querer saber o que é.
Ninguém sabe se o certo é andar entre as pistas rochosas
ou se param nos lagos daquele caminho.
Todos transitam porque todos foram jogados.
Deram-nos lagos,deram-nos rochas.
Ela não pergunta mais e para em um limite sem cultura.
Sem limite.



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