indescritível
Morte penetrou na minha cabeça em algum dia.Depois disso,minhas escolhas pareceram únicas e sem volta.Comecei a enxergar a vida como uma carta sendo escrita à caneta.Deixei de distinguir a perda de tempo com o recarregamento de energia da alma.Tento não pensar muito no que é o mundo,porque quando o faço,sinto-me enclausurada e o destino de uma então fuga continuaria sendo o presídio da vida.Sinto falta de ar ao tentar descrever o irracional do sentimento.Às vezes,cai uma lágrima de um olho e fico com pena de mim,fico com pena de eu estar aqui subordinada à imensidão.Logo mais,chega o cego disposto.Chega a moça da rua e meu choro começa a parecer ser nobre,bastante caro.Parece vir da minha inconsciência admiradora de prantos.
Quando entro em casa,vou até o espelho e olho para a imagem dos meus olhos.Olho para a minha expressão muda.Parece que pelos olhos vejo a alma que ocupa o corpo.Estranha sensação de separação do cerne e do físico.Sensação de chegada em uma fronteira inacessível.
O que me compõe é o sentimento de ida e volta do medo de estar presente.
Cecília
ResponderExcluirNa minha opinião isso não é morte, é nascimento.
(o que não deixa de ser a mesma coisa na nossa imaginação material)
Ao sairmos do ventre materno (cerne), passamos a ter escolhas nossas únicas e vinculadas a um tempo retilíneo imposto pela nossa consciência no nosso nascimento simbólico, por isso que não temos retorno (escrito à caneta) isso não deixa de ser angustiante.
O ar, a falta de ar, a busca de ar é o primeiro movimento instintivo que fazemos ao nascer e ele, obviamente, é atrelado ao choro quase convulsivo.
Chorar, na verdade, é a procura de uma limpeza respiratória que fazemos. O choro é uma lembrança de nosso nascimento, um pedido desesperado por colo e por ar.
Esse tipo de sentimento ocorre quando passamos por uma transformação muito grande: a saída da casa dos pais, perda de ente querido, saída do colegial para a faculdade, da faculdade para o trabalho, enfim ...
Enfrentamos nossas mudanças com conteúdos simbólicos aprendidos desde pequenos.
Aprendidos não somente por nós, mas por toda a nossa espécie...
Adoro seus textos ...
De seu eterno professor...