alimento pronto.

Tarde insípida. Jornal na porta. Entender o mundo é ler. Ler o que a moça que mora ao meu lado escreveu. É ouvir essa maquiagem formal que se cria.
Mas queremos sobreviver, então tudo se torna comestível e aceitável.Vivemos a verdade relativa. Esse mundo preenchido por escadas está inteiramente submetido ao mesmo fim invisível. Esse mundo inexistente será enterrado com os talheres já feitos.
A angústia é a previsão nítida que fizeram para o meu caminho. É a subordinação ao que eu nem sei se realmente existe. A angústia é poder duvidar que existo e ouvir o eco da minha voz na caverna do cotidiano.
Vivemos bêbedos com a ânsia de conseguir o que é admirável. Bêbedos pelas cabeças, ao nosso redor, boquiabertas.
O que nos restaria seria o beijo da manhã mas este não existe. Restaria-nos a vontade de descobrir o que está inserido nos nossos corpos. Também não há.
Moro na minha casa de madeira e morro aqui sendo alimentada pela comida que deixaram na porta.

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